
Outro dia estava aqui, fuçando em minha DVDteca (que ainda possui diversos exemplares dos decréptos VHs) percebi que possuo vários filmes onde a trilha sonora, se não faz as vezes de carro chefe, funciona/funcionou como grande chamariz na promoção de tais películas.
Faz todo o sentido: se você gosta de rock e cinema, porque não juntar as duas coisas e adquirir um filme com uma puta trilha sonora?
Como amante do bom e velho roquenrou, me ative ao gênero e confesso: por vezes a qualidade cinematográfica deixa a desejar, mas olha, a trilha vai satisfazer, garanto.
Eu que não sou afeita a listas, decidi até fazer uma, com o melhor do rock em trilhas. Vamos começar com a década de 80, olha só:
– La Bamba (1987) – Como vocês já sabem, conta a versão romanceada da vida de Ritchie Valenz, que morreu aos 17 anos, no auge da carreira, no desastre de avião que tb matou Big Hooper e Buddy Holly, interpretado no filme por Marshal Crenshaw. Aliás, Brian Setzer tb faz uma ponta como o roqueiro Eddie Cochrane. A trilha sonora traz material de gravações da época e composições de Carlos Santana. Bem legal.
-Candy Mountain (1987) – Eis um filme que tinha tudo para dar certo: é filmado em preto-e-branco, tem a direção de fotografia de Robert Frank (The Americans, diretor de alguns dos melhores clipes do Rolling Stones, fotógrafo de mão cheia) é um filme on the road, sobre um cara que desbrava as estradas lindíssimas do Canadá atrás de um lendário luthier de guitarras, conta com Tom Waits e Joe Strummer (Clash) no elenco, mas se perde no meio de tantas possibilidades e não chega a lugar algum…. Trilha sonora com colaborações de Waits e outros presentes no elenco, como o pianista Dr. John e do cantor Buster Poindexter. E Waits, sabe como é: até quando é ruim, é bom.
– A Encruzilhada – (1986) – A trama é aquela coisa do garoto que quer ser um bluesman e ruma à terra natal do estilo para chegar à famigerada encruzilhada onde, segundo aa lenda, grandes nomes do gênero haviam feito um pacto com o demônio para ter fama e fortuna. Traz o eterno karatê-kid, Ralph Machio no papel principal e trilha sonora com Steve Vai e Ry Cooder, o que por si só, já vale o filme.
– Os irmãos Cara de Pau – (1980) – Dois irmãos trambiqueiros (os ótimos John Belushi (R.I.P) e Dan Aykroyd) passam o filme tentando reunir sua antiga banda de blues para um show de arrecadação de fundos para o orfanato onde cresceram. Trilha ÓTIMA com a banda Blues Brothers, James Brown, Ray Charles e Aretha Franklin. Não é o rock mas é o pai dele.
Sexo, Drogas e Rock ‘n Roll (1986) – Dogs in Space, no original, traz o falecido Michael Huthence (INXS) em uma trama rocambolesca. A trilha sonora é mais legal com clássicos dos 80’s.
Sid&Nancy – O amor mata – (1986) – Gary Oldman encarna Sid Vicious e seu relacionamento suicida com Nancy Spungen. A ótima trilha inclui John Strummer, John Cale, The Pogues e Pray for Rain.
Heavy Metal do Horror – (1986) Sessão da tarde para os metaleiros: Ozzy Osbourne é um padre e Gene Simmons um DJ, numa espécie de trama que lembra O Chamado, só que “suecado” rs.
Gene Simmons entrega a matriz do último trabalho de um ídolo do rock recém-falecido a um de seus maiores fãs, que, depois disso passa a sofrer opressão demoníaca. Adivinhem quem vem ajudar? Father Ozzy!
Divertido, no mínimo. Trilha sonora com os astros citados.
Histórias Reais (1987) – Outra bizarrice de David Byrne que mais parece um episódio de Além da Imaginação. Participação do John Goodman e trilha sonora do Talking Heads, é claro.
A Pequena Loja de Horrores (1986) – Comédia musical com atmosfera B IMPECÁVEL. Plantinha bizarra faz loja falida ter sucesso novamente, mas sofre estranhas mutações durante o processo. Com os impagáveis Rick Moranis e Steve Martin, no papel do dentista sádico que permeia meus pensamentos até hoje, quando me sento na maldita cadeira para tratar dos dentes.
Pink Floyd – The Wall (1982) – Filme homônimo ao famoso disco da trupe britânica, dirigido por Alan Parker que emprestou um tom psicodélico e até avant-garde, para a época. Com participação de Bob Geldof (alguém pode me dizer no que o Bob Geldof NÃO ESTÁ envolvido?)
Home of the Brave (1986) – Manifesto cultural encabeçado por Laurie Anderson. Trilha com Lou Reed, entre outros cools. Cabeçudaço.
Birdy – Asas da Liberdade (1985) – Filme de Alan Parker com Michael Modine e Nicolas Cage. Trilha sonora de Peter Gabriel, que também compôs a trilha de A Ultima Tentação de Cristo, de Martin Scorcese, um de meus filmes prediletos, by the way)
Anos de Rebeldia (Out of the Blue – 1980) – Eis que depois de Easy Rider, Dennis Hopper deu pra achar que era diretor e que entendia de rock. (se bem que ele fez Colors, as cores da violência, que eu acho bom…) Diz ele que o filme foi inspirado na canção Hey, hey, my, my de Neil Young, mas, sei lá. Trilha recheada de referências, desde Elvis até punk.
Easy Rider (1969) – Arquétipo do Road Movie que surgiu ainda no meio da onda hippie. Muito sexo, drogas e rock’nroll. Falando nisso, trilha sonora com Jimi Hendrix, The Byrds, entre outros. Clássico.
American Graffiti (Loucuras de Verão) – 1973) – Sim, George Lucas existia antes de Star Wars e dirigiu American Grafitti, uma espécie de Beleza Americana dos anos 50. O retrato de uma geração e uma época. Trilha sonora recheada de clássicos do rock na virada dos 50 para os 60. Cult.
Paris, Texas ( 1984) – filme lírico de Wim Wenders, apesar de se passar no clima austero do deserto Destaque para a trilha sonora maravilhosa de Ry Cooder e suas slide guitars.
Pat Garret e Billy the Kid – (1973) – Wester intenso. poético e violento com trilha sonora de Bob Dylan (que tb atua no filme) Ah, dirigido por Sam Peckinpah, do célebre – Meu Ódio Será Sua Herança.
Repo Man, a onda punk – (1984) – Suspense policial pós punk apocalíptico em que Emilio Estevez é o repo-man, homem que recupera os automóveis que foram comprados, mas não pagos. Trilha sonora magnífica encabeçada por Iggy Pop, Clash, Circle Jerks entre outros. Não tem NADA a ver com o filme Repo Men, com Jude Law e Forest Whitaker que chegará às telas este ano ainda.
Absolute Beginners (1986) – Meu lindo e maravilhoso Bowie é um empresário ardiloso na Londres de 58 que tenta embrenhar o protagonista Eddie O’Connel em suas tramas desonestas. É fraquinho, meio novela-da-Globo, mas tem como carro-chefe a canção homônima do meu ídolo.
Apenas um gigolô ( Just a Gigolô, 1979) – Farsa político-musical com Bowie, agora em um momento melhor. Este filme fica ainda melhor a medida que o tempo passa. Entre os rapazes que trabalham para uma famosa cafetina (a incrivelmente incrível Marlene Dietrich) está o atrapalhado Bowie, soldado covarde que foi considerado herói por uma casualidade na Alemanha do final da Primeira Guerra Mundial. Filme irônico com relação ao nazismo e com trilha do Bowie.
Cry Baby ( 1985) – Ricos caretas X pobre rebeldes. No lugar de James Dean, Johnny Depp. Trilha sonora cheia de clássicos do rock e participação de Iggy Pop como o estranho tio de Depp.
E por enquanto é só senão esse post fica MUUITO LONGO!
Em breve, cenas do próximo capítulo ou Rock em trilhas vol II – Anos 90 e 00!