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Terra de Ninguém

18 janeiro, 2009

Vou falar sobre algo sério, agora.

(Agência EFE) – Jerusalém -18 de janeiro 2009 –  O primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, assegurou hoje aos líderes europeus que viajaram ao Oriente Médio que seu país “não têm a intenção” de manter tropas na Faixa de Gaza.
 
Vários líderes europeus viajaram ao Oriente Médio para impulsionar uma trégua duradoura em Gaza, e Olmert afirmou a eles que as tropas israelenses deixarão totalmente o território palestino o mais rápido possível, assim que for acertada uma “trégua estável”.

As forças terrestres israelenses que permaneciam na Cidade de Gaza começaram a recuar hoje, e entre outras posições abandonaram o antigo assentamento judaico de Nitzarim, no sul da localidade.”

(Amen – Do hebraico: assim seja)

Eu venho de uma família judia. (tanto avó qto avô, pais de minha mãe) – mas não pratico o judaísmo. Portanto, aos olhos dos próprios judeus, não sou considerada “judia” (lembrando que, aos olhos dos socialistas eu sou a “verdadeira judia” – já que Marx diz em “A Questão Judaica” que os capitalistas são na verdade os verdadeiros judeus… apesar de ele mesmo ter sido um! Enfim, pequenas incoerências que fazem diferença)

Apesar disso, guardo em meu coração alguns preceitos que estudei, lugares que visitei, algumas datas, alguns costumes, mantenho alguns amuletos e minha interpretação pessoal para tudo isso.

Mas guardo em mim tais coisas principalmente por seu significado e por puro respeito à cultura de meus ancestrais.

Tenho amor a Israel, respeito a força de seu povo, sua cultura, sua história e sua herança.

Mas não deixo porém, de reconhecer seus graves defeitos, exageros, erros e incapacidades.

Também quero deixar claro aqui que adoro e admiro a rica cultura árabe, sua inteligência e toda a sua contribuição e influência na cultura ocidental.

Eu não concordei com os bombardeios de Israel à Gaza, assim como nunca concordei e jamais concordarei com seus ataques a lugar algum, pois acredito no poder da diplomacia. 

Achei os bombardeios totalmente desproporcionais e desnecessários, uma resposta violenta e inútil aos ataques do Hamas.

Apesar disso tudo, também não concordo com certas posições que encontrei por aí, taxando Israel como os únicos monstros na história e fazendo questão de esquecer os demais ataques àrabes igualmente desumanos e desproporcionais, mundo afora, em diversas outras ocasiões.

Ouvi coisas como: “os coitados dos àrabes são pobres, Israel é rico, deveria ter vergonha” – o que é um absurdo e uma inverdade. Primeiro, porque usando a palavra “árabes” essas pessoas colocam todos os povos de origem arábica no mesmo balaio, o que é um erro, burrice, falta de informação, já que nem todos os àrabes estão envolvido na disputa de terras com Israel.

Segundo, qual é o problema das pessoas com as palavras “rico” e “judeu” numa mesma frase? Essa questão do “ódio ao judeu rico” vem de antes da Idade Média, muito antes mesmo do nazismo apesar de ter sido cruel e providencialmente alimentada por ele durante a Segunda Guerra, esta patrocinada pelo dinheiro judeu confiscado, aliás.

As pessoas agem como se os judeus tivessem lhes assaltado o cofre de casa e não conseguido o dinheiro por meio de muito trabalho e…aham, poupança. É uma raiva alimentada pela inveja e pela ganância, simplesmente.

Terceiro, Israel não é tão rico quanto pensam. Ele tem sim, um poder bélico absurdo e até desconhecido, em comparação aos países circunvizinhos e se foi nesse sentido que a palavra “rico” foi empregada, posso até concordar. Do contrário, é novamente pura falta de informação, mentira jogada ao vento.

Ouvi também coisas como: “Israel roubou a terra dos àrabes. tem mais é que levar bomba”, frase proferida provavelmente por alguém que nunca estudou história antes ou nunca acompanhou o desenrolar desta milenar disputa ao longo dos anos.

O problema central desta briga é a dominação do imperialismo sobre a região, que após o fim do Império Otomano dividiu a portas fechadas os territórios do Oriente Médio.

Antes da chegada dos judeus, os árabes já realizavam uma série de revoltas contra a ocupação britânica, ou seja, aquele pedaço de terra é disputadíssimo por conta do petróleo, obviamente.

O imperialismo tratou de resolver a questão demarcando as suas próprias fronteiras. O objetivo não era dividir as terras, mas favorecer a criação do Estado israelense através de elementos contra-revolucionários do sionismo para este servir aos interesses do imperialismo e conter as revoltas árabes pela sua independência.

Quando o Estado de Israel foi criado, criou-se uma campanha muito grande para levar os filhos da Diáspora (judeus espalhados pelo mundo) de volta à Terra Prometida (Palestina).

Não demorou muito para a população árabe daquela região perceber que estava sendo expulsa de suas próprias terras. Enquanto judeus ricos se consolidavam na ascendente burguesia européia, aos judeus pobres – que não eram poucos – restava buscar seu merecido lar, longe dos aborrecimentos, do preconceito  e, principalmente, dos pogroms (massacres) que os perseguiam e assassinavam.

A eles foi prometida “uma terra sem povo a um povo sem terra”, mas a realidade não foi bem assim e é claro que os mentores desta campanha sabiam disso, eles estavam é interessados em livrar a Europa dos judeus pobres e assim não criar nenhum empecilho para a próspera burguesia judia.
O simples fato de dois povos diferentes, com idiomas e culturas nem tão diferentes conviverem num mesmo lugar, ao contrário do que todos apontam, não justificaria  atritos caso não houvesse uma disputa política em jogo.

Não sei se essas pessoas que fazem questão de dizer que “os judeus roubaram as terras dos árabes” já ouviram falar da Guerra dos Seis Dias .  Desculpem, mas ao ler sobre ela vocês poderão notar que Israel “conquistou o lado leste de Jerusalém, a Cisjordânia, a Faixa de Gaza e as Colinas de Golan”.

Agora, vamos lá: 

Conquistar: do Lat.  * conquisitare freq. de conquiro – tomar pela força das armas; vencer; subjugar; submeter; adquirir.

Roubar: do Germ * raobun – tirar,subtrair, furtar, plagiar, raptar.

Espero tque tenha ficado claro.

Não que isso JUSTIFIQUE o bombardeio MONSTRUOSO de Israel contra os palestinos, mas creio que essa questão de disputa de terras, por mais que pareça injusto (e que de fato é) é mera questão política. Israel está lutando por uma terra que foi adquirida durante um confronto, não usurpada.

Foi o Egito que declarou guerra à Israel, apesar de ter sido levemente “forçado” a isso. Mas isso é política, baby. Se formos lamentar isso, melhor lamentarmos pelo resto de nossas vidas pois até nosso país, aparentemente irrelevante e pacífico já  foi algoz e vítima de manobras políticas ao longo dos anos.

No entanto, Israel tem errado constantemente em querer readquirir e instalar-se em tais terras, porque, na verdade elas não pertencem a ninguém. Ao menos não ao àrabes e aos judeus.

Na verdade, aquelas terras pertecem aos EUA. Não porque os EUA são o “demônio” ou coisa parecida, responsáveis por todos os males do mundo. São deles porque simplesmente eles são a nação mais poderosa do Mundo.

 Sigam meu raciocínio:

Depois da Guerra dos Seis Dias, houve ainda o Setembro Negro, e sua revanche sangrenta (tema do filme Munique, de Steven Spielberg) que culminou finalmente na Guerra do Yom Kipur.

 A guerra de Yom Kippur havia esvaziado completamente os cofres públicos. Vencida a batalhas nas Colinas de Golã, Israel voltou todas as suas atenções para o Sul. No dia 20 de outubro, já estavam perto do Cairo.

No dia seguinte, URSS e EUA se reúnem para formular o plano de cessar-fogo. O Egito simplesmente abre mão de todos os territórios ocupados por Israel na Guerra dos Seis Dias em troca da paz, pois as tropas israelenses estavam a um passo da capital.

Após dois anos de idas e vindas, no dia 4 de setembro de 1975 Israel e Egito assinam um pacto em Genebra que prevê a retirada das tropas israelenses do Sinai e a presença de tropas da ONU ao longo do canal de Suez. O Egito pode finalmente explorar os poços de petróleo do Sinai e Israel usar o canal como rota marítima.

Se por um lado o conflito armado havia cessado, a crise diplomática estava longe de ter um fim.

 Fazer paz com Israel significava poupar consideráveis fatias do orçamento militar e abrir o mercado para a iniciativa privada. Somente entre 1978 e 1982, os EUA forneceram ao Egito quase US$ 7 bilhões.

 A OLP condenava as iniciativas pró-imperialistas de Sadat, considerando-o um traidor da causa palestina. Em resposta, Sadat ordena o fechamento dos escritórios da OLP e sua emissora de rádio, a Voz da Palestina.

Os EUA mediam também a entrega das Colinas de Golan para a Síria em troca de empréstimos bilionários e a construção de duas modernas bases aéreas norte-americanas no deserto de Negev.

 A paz para os EUA significava o aprofundamento, temporariamente, da crise no Oriente Médio e o fortalecimento da ocupação na Faixa de Gaza, Cisjordânia e Jerusalém.

A saída israelense da Península do Sinai e das Colinas de Golan acontece após a assinatura de Jimmy Carter, Menachem Begin e Anwar Al Sadat, em Camp David, nos EUA, no dia 17 de novembro de 1978.

Não dá pra saber, depois de tantos tratados quebrados, manobras políticas, empréstimos, favores e corrupção, quem é o certo e o errado nessa história.

E sinceramente, a mim, não interessa. O que me interessa é que os ataques cessem e acordos sejam feitos. Mesmo que sejam quebrados mais adiante (e é claro que não queremos isso) mas ao menos enquanto houverem acordos, haverá trégua, e paz momentânea, sem mortes.

A mim só resta lamentar. Lamento pela Palestina, lamento por Israel e torço por um final  definitivo do conflito.

No mais, minha opinião é a mesmíssima da diretoria da Associação Scholem Aleichem do RJ, que foi publicada no blog do Miltão.

Espero ao menos ter elucidado aqueles que culpam totalmente a um lado ou a outro sem conhecer de fato as ações que os levaram a agir assim. Ainda que elas não sejam justificáveis, sejamos ao menos éticos e justos e admitamos que a culpa pertence a todos.

Portanto, a responsabilidade de redimir-se também.

É isso.

Shalom Alechem