O dicionário maldito

Ambrose Gwinett Bierce ou só Ambrose Bierce (1842-1914), para os íntimos, foi um homem notável: Jornalista, escritor (principalmente de contos de terror) crítico, dramaturgo, poeta e veterano condecorado da Guerra Civil Americana (o que, a meu ver, não o torna notável de modo algum, enfim) era, o que chamamos, alguém “da pá virada” (velha essa, hein?) Uma mistura de Poe, Samuel Johnson, Swift e Wilde americano. Controverso como esse último, arranjou uma brigaiada feia com o patrão, o todo-poderoso William Randolph Hearst, dono do San Francisco Examiner, por ter publicado um poema sarcástico na hora errada, por ocasião da morte do presidente Wiiliam McKinley em 1901, tornando-o maldito, malquisto e odiado por toda a nação americana puritana, hipócrita e mantenedora da ordem, da moral e dos bons constumes, da época (dá época? rsrsrs) e, como era de se esperar, sua fama permanece assim até hoje.

Isso aí em cima foi só uma introdução para dizer que, entre as obras que o tornaram famoso, Bierce foi o criador do Dicionário do Diabo (caraca, eu tô falando demais do capiroto ultimamente, vai dizer? Ui! Vade Retro!) – um apanhado de citações cáusticas e mordazes, algumas simples, mas por isso, perfeitas. Outras são sem graça e outras bem interessantes.

Pra você, que como eu, adora um bom sarcasmo e grandes citações. Voilá

PS: (Eu não ia escrever nada disso. Estou com um conto e um texto sobre o Yo La Tengo praticamente prontos…mas forças ocultas me forçaram a postar isso aqui…hihihi)

Armadura – Tipo de roupa usada por um homem que tem um ferreiro como alfaiate

Barômetro – Instrumento engenhoso usado para indicar o clima

Chato – Aquele que fala quando você gostaria que ouvisse

Covarde – Pessoa que, diante de uma emergência perigosa, pensa com as pernas

Dentista – Um mágico que coloca metal em sua boca e extrai moedas de seu bolso

Esperança – Desejo e expectativa numa só embalagem. Mas sem desconto

Erudição – Pó espanado de um livro para um crânio vazio

Fantasma – O sinal exterior e visível de um medo interior

Famoso – Um ser espalhafatosamente infeliz

Fidelidade – Virtude característica daquele que está prestes a ser traído

Hábito – Um grilhão para o homem livre

Idolatrar – Venerar na expectativa de receber algo

Ilustre – Pessoa em situação ideal para atraír maldade alheia, inveja e difamação

Influência – Em política, um quo visionário em troca de um quid substancial

Impiedade – Sua irreverência dirigida à minha divindade

Leiloeiro – Homem que usa um martelo para proclamar que abateu uma carteira com a língua

Linguagem – É a música com a qual encantamos a serpente que guarda o tesouro alheio

Mausoléu – a derradeira e mais divertida loucura de um rico

Orar – Pedir que as leis do universo sejam anuladas exclusivamente em benefício de um único peticionário notoriamente não-confiável

Política – Condução dos negócios públicos para vantagens privadas

Realização – A morte do esforço e o nascimento do desgosto

Sapo– Réptil com pernas comestíveis

Telefone – Uma invenção do demônio que abole algumas das vantagens proporcionadas pelo fato de se manter à distância uma pessoa desagradável

Zelo – Desordem de caráter nervoso que atinge os jovens e inexperientes

Updêite: Mais uma amiga dos tempos trevosos se juntou aos Góticos Aposentados Inc. (a saber: eu e Társis) A Alê, companheira de muitas gotiquices e tosquices generalizadas e de quem fui cobaia de tatuagem (sim, ela fez algumas de minhas tattoos) além de ser uma pessoa incrível, tb tá na blogsphere… Isso aqui tá ficando…dark… gente! hahaha